O 18 de maio, Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, foi tema do CRPRS Convida realizado nesta quarta-feira, 20/05, no Instagram do Conselho. Mediado pela conselheira Roberta da Silva Gomes, presidenta da Comissão de Comunicação, a live contou com a participação da psicóloga Carmen Silveira de Oliveira (CRP 07/00974) e da assistente social Elisa Scherer Benedetto (CRESSRS 8776), trabalhadora da FPERGS e atual presidenta do CRESSRS.
Carmen, que esteve à frente da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente de 2006 a 2012, iniciou sua fala contextualizando a origem do 18 de maio associada ao caso da menina Araceli, de Vitória. Araceli, com oito anos, foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta em 1973. O crime até hoje está impune. A data de sua morte tornou-se o Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes há 20 anos, durante encontro promovido por organização internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças e adolescentes. A convidada destacou dois lemas importantes atrelados a essa data: “Esquecer é permitir, lembrar é combater” e “Faça bonito”. Também reforçou a importância de promover ações concretas no enfrentamento a esse problema. Conceitos de pedofilia, abuso sexual e exploração sexual foram apresentados por Carmen, que explicou como esses tipos de violência se ampliaram com a era virtual.
Para Carmen, a redução do número de denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes revela um silenciamento preocupante que não vem de agora. A falta de transparência nos relatórios do Disque 100, o fim do trabalho intersetorial, a falta de sistemas integrados de registro são problemas a serem enfrentados. “O problema é que não estamos discutindo lacunas nas políticas públicas. Estamos discutindo retrocessos e arcaísmos”, criticou.
Na sequência, Elisa começou fazendo referência ao assassinato do menino João Pedro Mattos Pinto, vítima da violência do Estado. “Perdemos mais uma criança preta, de periferia, da classe trabalhadora, morta covardemente e sabemos que ficará impune. Sabemos que esses crimes são legitimados, de alguma maneira, pelo Estado”. Sobre a violência contra crianças e adolescente, Elisa fez uma reflexão sobre formas de prevenir o problema. “Esse é um ponto muito sensível, pela complexidade desse fenômeno que acompanha a humanidade ao longo da sua história. Vivenciamos em uma sociedade voltada para o lucro e não para as vidas e que aliena e coisifica a todos nós. Para eliminar esse problema, precisaríamos repensar toda a nossa lógica social”. Como forma de enfrentar esse problema, Elisa reforçou a necessidade de se pensar na concepção de família e infância na sociedade capitalista. “Existe muito a lógica e a cultura de que a família pode fazer o que quiser com suas crianças. De alguma maneira, aquilo lhe pertence”.
A importância do trabalho de articulação das políticas públicas que compreendam o todo e que se constituam uma rede de proteção e prevenção ampliada, a necessidade de combater movimentos conservadores e de defesa da sexualidade e diversidade humana nas escolas foram outros pontos abordados por Elisa.
Confira a live na íntegra: