O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro não poderia deixar de manifestar-se diante da intensificação das ameaças à vida de Marcelo Freixo e da recente decisão pelo afastamento do país a convite da Anistia Internacional. Entendemos este necessário afastamento como um exílio político, o que consideramos inaceitável e incompatível com um Estado Democrático de Direito.
A inoperância das três esferas de governo e demais autoridades competentes no enfrentamento às milícias determina neste momento o exílio de Marcelo Freixo. O silêncio do governador Sérgio Cabral com relação às ameaças de morte denota uma cumplicidade inadmissível com uma máfia que se fortalece a cada dia.
As ameaças à vida de Freixo representam uma ameaça a toda a sociedade. Se aceitamos que nos seja sequestrada a vida de alguém que se dispõe a lutar e a fazer os enfrentamentos necessários, nos rendemos à lógica de uma ordem social e de um estado que na ditadura militar, e muito antes dela, persegue, tortura e mata todos aqueles que se opõem e que enfrentam a ordem vigente.
Um Estado que durante muitos anos, em nome desta ordem, esmagou deliberadamente aqueles que a desafiavam, e que hoje, além de criminalizar a pobreza e os movimentos sociais, compactua com o funcionamento de máfias, que não seriam parte estrutural deste mesmo Estado? Estado que aposta no medo como modo de sociabilidade.
Exigimos a efetiva e imediata implementação das recomendações constantes no relatório final da CPI das Milícias. Cobramos do governo do Estado que se pronuncie com relação às ameaças de morte à Marcelo Freixo e informe que providências estão sendo tomadas para seu enfrentamento.
Convidamos a todos a reagir nos coletivos que se constituem em seus cotidianos contra a política de medo. Exigimos que todas as autoridades públicas deste País, inclusive nossa Presidência, se pronunciem contra esse ataque à democracia brasileira, contra as Milícias e suas diversas formas de governar e matar! Defender a vida de Freixo e a garantia de sua efetiva proteção pelo Estado é defender a vida, a liberdade e o direito de lutar.
Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro
Novembro/2011