Trabalhadoras/es e usuários de serviços de saúde mental, assim como representantes do CRPRS, participaram em 27/05 do Mental Tchê da Resistência, em São Lourenço do Sul. Este ano, a atividade foi autogestionada por um coletivo de entidades vinculadas à Saúde Mental.
Na abertura do evento, foi realizada a leitura da Carta Aberta à comunidade Lourenciana e convite aos defensores do cuidado em liberdade, assinada pelos militantes gaúchos da luta antimanicomial. Manuele Araldi, conselheira do Conselho Regional de Psicologia do RS, realizou fala salientando a importância do evento, por ser um ato de resistência e uma atividade que não é de quaisquer governos, e sim das trabalhadoras e trabalhadores e usuários de serviços de saúde mental. Também se manifestaram na mesa de abertura Karol Cabral, representando o Fórum Gaúcho de Saúde Mental; Fátima Fischer, da Associação Nau da Liberdade; Jéssica D'Ornellas, do Coletivo Gaúcho dos Residentes em Saúde; Ivon Lopes, da Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Pelotas; Simone Paulon, do InterVires, Pesquisa-Intervenção em Saúde Mental, Políticas Públicas e Cuidado em Rede; Vera Pasini, do projeto de extensão Acompanhamento Terapêutico na Rede Pública, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Francisca Magalhães de Souza, da Psicologia da UFRGS; Cristiano Camargo, do Movimento Nacional da População de Rua; Carmen Oliveira, militante dos Direitos Humanos; representantes do Conselho Regional de Enfermagem e do Conselho Municipal de Saúde de São Lourenço do Sul; e o deputado estadual Zé Nunes, da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica.
A seguir, na Roda de Conversa “Um pouco de possível senão eu sufoco!”, os participantes se reuniram em grupos a partir dos seguintes eixos: Redução de danos e os desafios da conjuntura atual; Arte, educação popular e saúde mental: a cultura e a integralidade no encontro com o cuidado; Gênero e diversidade na saúde mental; Violência no território: como construir o cuidado?; Racismo e saúde mental: políticas públicas pra quem?; Saúde mental, economia solidária e geração de trabalho e renda; O papel do Controle Social na política de saúde mental: associação de usuários e outros espaços; Como pensar na saúde do trabalhador no contexto atual. Após, representantes dos grupos apresentaram o resultado do discutido para os demais participantes.
Na continuidade do evento, aconteceram as apresentações culturais. A Nau da Liberdade participou com a performance “Os olhos referem que sim, mas os lábios dizem que não”. As apresentações musicais foram realizadas por Zé da Gaita, pelo Grupo Vocal Los Lokos e pela usuária de serviço de saúde mental Solange Gonçalves. Sandra Mara da Silva, ex-usuária e militante da luta antimanicomial, e Marlon Farias, usuário, falaram a respeito da importância do cuidado em liberdade.
A Roda de Conversa “30 anos de Reforma Psiquiátrica: Não tá morto quem lokeia!!”, que encerrou o evento, contou com a participação da conselheira do CRPRS Manuele Araldi, que salientou em sua fala que o apoio da instituição ao Mental Tchê da resistência corresponde ao compromisso da gestão do Conselho com um projeto ético-político na construção da sociedade que se quer. A psicóloga Sandra Fagundes, que coordenou a Roda, enfatizou a importância do apoio do CRPRS para a realização do evento. Participaram também Karol Cabral, Carla Leão, Jéssica D'Ornellas, Míriam Alves, Judete Ferrari, Carmen Oliveira, Ivon Lopes e Sandra Mara da Silva.
Silvana de Oliveira, conselheira presidente do CRPRS, avaliou, a respeito da participação da instituição no evento, que ao saber de dificuldades para a viabilização da atividade, a Diretoria e o Plenário prontamente se mobilizaram para colaborar para que o Mental Tchê da Resistência acontecesse. Conforme Silvana, trata-se de "um ano extremamente crítico de perdas nas políticas públicas e ameaça de retrocessos em políticas bastante avançadas do cuidado em saúde e também em proteção na assistência social", e a articulação do Conselho se deve a que os integrantes da gestão entendem que a pauta da saúde mental "não é partidária, é uma pauta da sociedade e dos usuários de saúde mental, e da mesma forma é uma pauta de cuidado e de ética para a Psicologia". Silvana salientou também a alegria do CRPRS com o sucesso do evento, e agradeceu, em nome da instituição, ao município de São Lourenço do Sul.