Na noite da última quarta-feira, 23 de julho, o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), em parceria com a Articulação Nacional de Psicólogas Negras e Pesquisadoras (ANPSINEP), realizou uma atividade de mobilização das psicólogas negras do estado em preparação para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, marcada para o dia 25 de novembro, em Brasília (DF).
O encontro, realizado presencialmente na sede do CRPRS e com a participação virtual de psicólogas de outros estados, foi um espaço de articulação política, trocas afetivas e fortalecimento coletivo em torno das pautas antirracistas e negras. As falas das participantes destacaram que o protagonismo das mulheres negras na Psicologia é essencial para transformar a profissão e ampliar seu papel social diante das desigualdades históricas que marcam a sociedade brasileira.
A conselheira do CRPRS, Miriam Cristiane Alves, ressaltou a importância da Marcha como um marco histórico e político: “As mulheres negras brasileiras se colocam em marcha para reforçar seu protagonismo no enfrentamento ao racismo, baseadas no legado ancestral e nos projetos de continuidade da comunidade negra. Diante desse contexto, torna-se fundamental construir efetivamente o papel da Psicologia no enfrentamento ao racismo”, afirmou.
A mobilização reuniu conselheiras do CRPRS, como Silvia Edith Duarte Marques, tesoureira do CRPRS, Miriam Alves e Ayanna de Campos Bueno. A ANPSINEP foi representada pelas psicólogas Simone Vieira da Cruz, Maria Conceição Costa, Maria de Jesus Moura e Ceça Costa, que compartilharam experiências e perspectivas sobre os desafios e as potencialidades de ser mulher negra psicóloga no Brasil. A organização da Marcha das Mulheres Negras foi representada pela intelectual orgânica Lucélia Gomes da Silva.
Maria de Jesus Moura, membra fundadora da ANPSINEP, destacou a relevância da atuação política das psicólogas negras:
“A mobilização de mulheres negras na Psicologia é um campo de organização política fundamental. Precisamos dialogar não só como mulheres negras, mas como psicólogas que atuam em uma Psicologia comprometida com a reparação. Não aceitar o silenciamento é um posicionamento político que também é cuidado”, disse.
Simone Vieira da Cruz, integrante do movimento de mulheres negras, reforçou o papel transformador dessa mobilização:
“Estamos aqui para mostrar nossa diversidade e revolucionar a Psicologia. A Marcha irá impactar toda a sociedade brasileira porque afirma que somos diversas, que estamos fazendo Psicologia em diferentes espaços e com diferentes perspectivas.”
O encontro também teve como objetivo ampliar a participação das psicólogas negras na Marcha de novembro, fortalecendo os laços entre a Psicologia e os movimentos sociais negros. A presença de tantas mulheres negras em um espaço institucional como o CRPRS sinaliza o compromisso com uma Psicologia mais plural, antirracista e comprometida com o bem viver.
A psicóloga Ceça Costa resumiu os objetivos do encontro ao afirmar:
“Nosso objetivo é mobilizar mulheres negras de todo o país, inclusive psicólogas, para desmantelar as armadilhas do racismo. A nossa presença é política e transformadora.”
O CRPRS reafirma seu compromisso com a luta antirracista, a promoção dos Direitos Humanos e com ações que contribuam para a reparação histórica, promovendo justiça e equidade para as mulheres negras tanto no campo da Psicologia quanto na sociedade.