Na quarta-feira, 15/07, o Núcleo de Educação da Subsede Serra promoveu o encontro temático "Medicalização na educação: mitos e desafios", no auditório da Subsede, em Caxias do Sul. A proposta foi refletir sobre o uso abusivo das indicações medicamentosas, diferenciando tratamento medicamentoso adequado de medicalização.
Os participantes da atividade também debateram situações vivenciadas no contexto escolar, destacando o que pode ou não ser compreendido como uma questão clínica, a tendência à generalização, diagnósticos equivocados sobre transtornos psiquiátricos na infância, desafios da educação e as contribuições da Psicologia para o manejo dessas questões no contexto educacional.
Psicólogos/as atuantes na rede pública e particular de educação e da saúde, assistentes sociais, professores e coordenadores pedagógicos participaram da atividade.
A coordenadora do Núcleo de Educação na Subsede Serra, Simone Courel, apresentou o conceito de medicalização buscando esclarecer a diferença entre medicação e medicalização. “Precisamos refletir sobre o uso adequado de medicação, como uma alternativa de tratamento de questões biomédicas, e a medicalização, entendida como lidar com questões psicossociais, culturais e históricas como se fossem clínicas”, explicou.
Sônia Rossetti, psicóloga com experiência na saúde e na educação pública, apresentou falas e demandas do corpo docente, identificadas no contexto escolar atual, apresentando alguns questionamentos para o enfrentamento da tendência à medicalização na educação.
O psiquiatra Jackson Peres promoveu uma reflexão sobre a lógica cartesiana de causa e efeito ainda usada para o entendimento de questões multifatoriais. Para ele, precisamos considerar contribuições da Psicologia, Antropologia, Sociologia, Pedagogia para o entendimento do atual contexto social e educativo. Jackson também sinalizou a necessidade de se esclarecer que visão se tem do ser humano, de reavaliar métodos pedagógicos, de se propiciar espaços de troca e prevenção e da importância de um trabalho com as famílias.
Alexsandra Maffei, professora de Psicologia, contextualizou historicamente sobre as mudanças socioculturais e econômicas que geraram a necessidade de "dar conta de tudo em um ritmo moderno acelerado". A medicação surge como solução imediata para todos os desafios vividos aliados a uma baixa resiliência, ou seja, à capacidade de enfrentar positivamente os problemas.
A farmacêutica e professora Roberta Soldatelli sinalizou a importância do uso racional de medicamentos, trazendo dados estatísticos.
“O psicólogo/a educacional tem importante papel como deflagrador e orientador de reflexões importantes a serem feitas no contexto educativo”, concluiu Simone Courel.
O encontro "Medicalização na educação: mitos e desafios" foi o segundo de uma série de encontros promovidos pelo Núcleo de Educação sobre temas eleitos como relevantes para serem debatidos na região, visando orientação e esclarecimento sobre Psicologia Educacional. O próximo encontro será divulgado em breve.