Na nossa sociedade, tanto o racismo, quanto o privilégio branco cisheteronormativo têm permeado singularidades, intimidado e se incorporado às subjetividades, ditando as relações de poder entre grupos. Nesse sentido, o CRPRS, marca o 20 de novembro, dia consagrado como o Dia da Consciência Negra e que demarca, no Brasil, a resistência racial negra enquanto relação social e subjetiva que carece de atenção e precisa ser revisitada todos os dias do ano e em todas as interações em sociedade.
15 anos de discussão sobre relações raciais no CRP do Rio Grande do Sul
O tencionando sobre as relações raciais chega ao CRPRS, a partir da concepção ética, histórica, ideológica e política de duas colaboradoras, psicólogas negras, que pressionaram a pauta sobre a negritude na perspectiva das políticas públicas e dos direitos humanos.
O diálogo sobre a subjetividade de negras e negros e o sofrimento psíquico infligido pelo racismo levou à organização de um Núcleo de Relações Raciais e de uma campanha que chamasse as/os profissionais gaúchas para esta reflexão.
A campanha "O racismo tem dessas coisas", lançada em 2015, trouxe experiências cotidianas de pessoas negras e histórias de discriminação racial e questionava a escuta da Psicologia gaúcha para as relações raciais. A partir daí foram organizados vários ciclos de debates em espaços distintos e com atores diversos publicizando os questionamentos do Núcleo e convocando a sociedade para esse debate.
Esse movimento se fortaleceu nacionalmente onde as inquietações do Núcleo chegaram à Mostra Nacional de Práticas em Psicologia na articulação com países de Língua Portuguesa e na colaboração com o CFP na construção das Referências Técnicas para atuação de psicólogas(os) sobre as relações raciais.
Em 2019, a Comissão de Relações Étnico-Raciais se fortaleceu e tornou-se uma das Comissões Especiais do CRPRS e, em 2024, tornou-se uma Comissão Permanente e tem colaborado ostensivamente com as atividades das Giras Psi no estado, questionando junto com outros grupos populacionais raça, racismo, branquitude e outros temas.
Em 2023 o CRPRS passou a ter o Núcleo Bem-viver: psicologias indígenas e corpos territórios, que, em 2024, tornou-se uma Comissão Especial.
Sou a Cor da liberdade - poesia de Rejane paféj kanhgág (CRP 07/33225)
“As almas refletem a tonalidade de seus sentimentos: aquilo que oferecem à vida e aquilo que desejam. A reexistência exibe a beleza do meu sorriso… mais radiante, quanto mais evidente.
Sou da cor negra, carrego a força e a vitalidade da noite que me abraçava todas as vezes que me negava a liberdade, e eu a alcançava. Sou pássaro e melodia, tanto doce quanto intensa. Sou alegria e tristeza na terra brasileira.
E em todos os lugares que eu estiver, estarei completo: com meu corpo, espírito e sentimentos. Sou negra, com meus cabelos da raiz ancestral, da capoeira, do turbante e das rezadeiras, sou o grito do sabia que com seu pequeno bico apaga os incêndios das florestas, eu, eu sou brasileira. Apenas meu coração é que me aprisiona, dito isso eu grito, viva a liberdade.”