O projeto "A força do diálogo em 40 mobilizações" chegou a Pelotas em 30/08. A atividade, alusiva ao Dia do Psicólogo, aconteceu na Subsede Sul do CRPRS. Além da participação da conselheira presidente do CRPRS, Alexandra Ximendes, e do conselheiro Marcelo Martins, o evento contou com falas sobre a atuação em CAPS, questões de gênero e saúde mental, educação especial e psicologia organizacional.
No encontro, a psicóloga Daniela Arruda Barbosa, do CAPS AD III - Pelotas, realizou fala sobre a atuação em CAPS. trouxe em sua fala os desafios da prática psicológica em CAPS AD. Foi apresentada a estrutura do CAPS AD III Pelotas, que conta com equipe multiprofissional, e como funciona o fluxo de acolhimento e atendimento, assim como as divisões de grupos e também as oficinas realizadas no local. "É preciso investir no fortalecimento e qualificação permanente da rede de cuidados", afirmou Daniela, que salientou também a importância da construção do plano terapêutico individual junto com o paciente, o que o torna corresponsável por seu tratamento.
Ana Paula Müller de Andrade, psicóloga e pós-doutoranda pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), apresentou questões de gênero e saúde mental em duas pesquisas realizadas. A primeira estudou como se disseminava o diagnóstico de depressão de mulheres de baixa renda, verificando como elas se sentiam e como lidavam socialmente, revelando que essas mulheres relacionavam as questões comportamentais a questões de suas próprias vidas, em contraponto à ótica biológica do ciclo de vida. Na outra pesquisa, realizou uma análise crítica da reforma psiquiátrica, pelo olhar dos usuários, a quem chamou de "experientes", pois, mais do que usarem o serviço, interferiam nos processos, salientando que "importam menos o serviço do que o que o usuário experiencia no tratamento". Ana Paula abordou a questão do gênero nas duas pesquisas, apresentando como o gênero tem tido importância nas práticas e como pensar ou não nele interfere nessas mesmas práticas. A psicóloga também criticou o conceito de gênero e o binarismo, que, segundo ela, despolitiza a luta.
A formação do psicólogo e sua atuação no contexto psicossocial foi o tema da fala da psicóloga Carmen Lopes, coordenadora do curso de psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), que apresentou a experiência do CAPS Escola, o primeiro ligado a uma universidade no país, mostrando o desafio da psicologia de construí-lo em diálogo com a comunidade. Conforme Carmen, por meio de convênio da UCPEL com o SUS, a estrutura presta serviços que a prefeitura e o estado não dão conta. De acordo com ela, hoje o CAPS Escola possui uma equipe multidisciplinar, com funcionários concursados, servindo também com espaço de estágio profissionalizante, contando com a coordenação técnica da Universidade e a administração da Prefeitura de Pelotas.
Na parte da tarde, a conselheira presidente do CRPRS, Alexandra Ximendes, e o conselheiro Marcelo Martins realizaram a fala “40 anos do CRPRS: Compromisso Social na Construção da Psicologia”. Conforme Alexandra, "Estamos nos propondo a estar presentes em áreas geográficas que, no cotidiano, o CRPRS não consegue alcançar, para encurtar essa distância e trazer para a categoria o que o Conselho vem realizando em seus 40 anos". Os conselheiros apresentaram o histórico de lutas e realizações do CRPRS, assim como o planejamento estratégico realizado e as ações que já estão em andamento. Foi também esclarecido como se tomam as decisões a sobre as subsedes e em relação ao seu funcionamento. Ao final, realizaram um convite aos colaboradores para participação nas diferentes atividades, assim como à categoria, para que se integrem e passem a ser colaboradores.
A educação especial foi abordada pela psicóloga Carla Imaraya de Felippe, professora da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), que salientou que "as dificuldades a serem trabalhadas com o sujeito são as dele e as específicas que cada contexto educacional oferece a qualquer pessoa, de forma igual". A professora relatou sua experiência trabalhando pela inclusão dentro da comunidade universitária, que resultou em modificações como as reformas no centro de convivência da FURG, facilitando o acesso para pessoas com deficiência, ressaltando que a educação especial também se refere a pessoas com transtornos psíquicos. De acordo com Carla, "o importante é que, se a desistência de um aluno ocorre, que não seja por conta da deficiência".
Denise Gul Cardoso, psicóloga, coordenadora do serviço de psicologia organizacional da FURG, realizou fala sobre a atuação do psicólogo no contexto organizacional, apresentando questões relacionadas a avaliação de estágio probatório e de desempenho periódica, assim como a importância do feedback no desenvolvimento de pessoas. Conforme Denise, "na psicologia organizacional vemos o ser humano como ele é, pois o ser humano é movido pelo trabalho", salientando que em razão de ser onde a pessoa passa a maior carga horária de sua vida, o trabalho é onde se dão os conflitos. A psicóloga destacou a importância da atuação do profissional da área organizacional com o acompanhamento da vida funcional, realizando movimentações que equilibrem o interesse do colaborador e da instituição, e considerando a saúde integral da pessoa, sendo mais do que recrutamento e seleção.
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Confira as atividades do projeto "A força do diálogo em 40 mobilizações", em razão dos 40 anos do CRPRS e alusivas ao Dia do Psicólogo em www.crprs.org.br/dialogo