Os Conselhos Regionais de Psicologia, Odontologia e Serviço Social vêm, por meio desta, repudiar a matéria assinada pelo Sr. Fernando Weber Matos, Secretário do Cremers, publicada na coluna Artigos do jornal Zero Hora, na edição de 25 de junho do corrente, intitulado “Os médicos devem voltar a ser ouvidos”.
A presente manifestação busca esclarecer os leitores quanto às afirmações incorretas sobre as atividades de profissionais da saúde ou não, bem como às inverdades contidas no referido artigo.
O autor, inadvertidamente, confunde coordenação administrativa ou institucional com decisão e direção técnica, funções estas regimentalmente definidas no âmbito legal de cada profissão regulamentada. Sabemos que muitas entidades hospitalares, inclusive centenárias, possuem em suas direções mandatários que não fazem parte de profissões da saúde e que nem por um momento deixam de ser instituições que prestam serviços de alta qualidade técnica, sejam de serviços médicos, psicológicos, odontológicos, assistenciais, etc.
As condições físicas de hospitais, postos de saúde, clínicas, seguem definições de seus gestores, sejam eles públicos ou privados, independente do profissional que se encontra na gerência destes lugares.
O diagnóstico, a orientação e o tratamento de situações que configurem atendimento em saúde não podem limitar-se ao chamado atendimento médico, como propõe o artigo equivocadamente, pois profissionais como cirurgiões-dentistas, assistentes sociais ou psicólogos, seguindo este raciocínio, não poderiam orientar, diagnosticar e tratar seus pacientes de acordo com suas competências profissionais regulamentadas.
A questão em tela não se limita a uma ou outra prática profissional, mas reconduz a uma discussão séria e necessária, de que a saúde, e tudo que a ela se relaciona, não pode estar delegada a uma única categoria profissional. Que diagnóstico e tratamento não são sinônimos de diagnóstico ou tratamento prescrito por médicos. Estes últimos são de competência dos mesmos e devem ser exercidos dentro de seus limites técnicos e éticos, como qualquer outra profissão reconhecida no campo da saúde.
Reafirmamos a importância da multiprofissionalidade e das relações interdisciplinares nas equipes para assegurar a integralidade na promoção e na assistência à saúde.
Interdisciplinaridade implica em co-responsabilidade e não em uma visão unicista da saúde.
Ao contrário da posição do Cremers, defendemos a idéia de que todos devem ser ouvidos e respeitadas as suas competências.
Neuza Maria de Fátima Guareschi
Presidente do Conselho Regional de Psicologia do RS
Joaquim Cerveira
Presidente do Conselho Regional de Odontologia do RS
Léa Maria Ferraro Biasi
Presidente do Conselho Regional de Serviço Social do RS