O novo coordenador nacional de Saúde Mental, Valencius Wurch Duarte Filho, tomou posse nesta quinta-feira, 07/01, no Ministério da Saúde. O fato gerou novas manifestações no saguão da Torre I, do anexo do ministério, por parte de representantes de entidades e movimentos sociais da Luta Antimanicomial, que ocupam as salas da Coordenação de Saúde Mental há 23 dias.
O vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Oliveira, reforçou que o modelo, a partir da escolha do ministro, traz um retrocesso para a área da saúde mental. “As falas públicas do Sr. Valencius – em todas as ocasiões em que ele se pronunciou – são claramente na direção de que o hospital psiquiátrico volte a ser o centro da rede de atenção psicossocial. Ou seja, esse modelo retrocede para um modelo em que se vislumbra a possibilidade da humanização de um grande hospital psiquiátrico. É um modelo de segregação. Isso nos assusta. Por isso, estamos unidos contra essa nomeação”, ressaltou.
Cartazes, faixas, caixa de som e palavras de ordem pedindo a exoneração de Valencius Filho marcaram as manifestações, bem como paródias de músicas e marchinhas de carnaval pela manutenção da política de Saúde Mental aplicada pelo Governo Federal, destacando o retrocesso dessa indicação para as políticas públicas nesse setor. “Nós conseguimos no dia 29 de dezembro de 2015 uma agenda com a Casa Civil, interceptada pelo Ministério da Saúde, que deslocou todas as entidades para se reunir com o ministro da Saúde. Imaginávamos que escutaríamos novidades, mas, no entanto, o discurso foi o mesmo, pedindo um voto de confiança de três meses para o Valencius. Sabemos que em três meses muita coisa pode ser feita, inclusive partindo de alguém que foi diretor do maior e pior hospital psiquiátrico da América Latina e não participou do processo de transformação nacional da política de saúde mental e não é reconhecido pelas entidades, movimentos e todos aqueles que lutaram por 30 anos para garantir uma política séria com garantia dos direitos e cidadania da população com transtornos mentais”, destacou a secretária-executiva da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), Alyne Alvarez.
Essa manifestação é mais uma forma de conclamar os mais diversos coletivos brasileiros, trabalhadores do SUS e demais políticas públicas, seus usuários, familiares, estudantes, acadêmicos e todos os apoiadores para ocupar Brasília de 11 a 15 de janeiro. “Onde há poder, há resistência. O CFP, nesse momento, estará na posição de resistir a essa decisão política, que nomeamos como autocrática e sem diálogo. Os próximos passos serão adotados, coletivamente, com as demais entidades nacionais que estão à frente desse movimento. E a próxima semana será o ápice das manifestações de rua com pessoas vindas do Brasil inteiro”, apontou Oliveira.
Mais de 650 entidades de classe, universidades, parlamentares, movimentos sociais da luta antimanicomial, familiares de usuários e profissionais do sistema público de saúde mental, no Brasil e no exterior, estão envolvidas ou apoiam a ocupação e as manifestações.
Programação:
A partir do dia 11 de janeiro: acampamento em frente à sede do Ministério da Saúde;
Dia 14 de janeiro, às 10h: Assembleia Geral, em frente ao Ministério da Saúde, com todas as entidades, universidades e movimentos sociais presentes;
Dia 14, às 14h30: manifesto do (L)oucupaBrasília! em frente ao Ministério da Saúde.
Sobre a ocupação: www.facebook.com/foravalencius
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