O CRPRS reuniu no sábado (23) em Erechim professores da disciplina de ética para mais um encontro da série “O Código de Ética no ensino e na prática profissional”. A atividade teve a presença de professores da URI e Ideau, de Erechim, e Imed, de Passo Fundo.
O encontro, que teve apoio do Polo Alto Uruguai do CRPRS, foi coordenado pela conselheira Luciara Itaqui, presidente da Comissão de Psicoterapia, e pelo coordenador da Área Técnica do Conselho, Lucio Garcia. Os participantes debateram questões referentes à formação, políticas públicas e relações com a Justiça, especialmente diante da crescente judicialização da vida privada.
A conselheira Luciara Itaqui lembrou que o perfil da atividade profissional, especialmente nas políticas públicas, e também das/os alunas/os de Psicologia, tem mudado muito, além da complexidade das relações sociais mediadas por marcadores sociais importantes como gênero e etnia. “A complexidade dos campos de atuação hoje é muito maior, o que dá relevância às questões éticas. Então, o papel da ciência nesse contexto deve ser valorizado”, disse.
A iniciativa do CRPRS, que terá o último encontro na próxima sexta-feira (30) com professores de ética em Santa Maria, busca atender a demanda das universidades, que procuram o CRPRS para participações em aulas. Como há mais de 50 faculdades de Psicologia no Rio Grande do Sul, é impossível atender a todos os convites.
No encontro as professoras da URI, Ideau e Imed valorizaram a iniciativa do CRPRS e expuseram as complexidades do exercício profissional dos egressos dos cursos de Psicologia, num contexto marcado pela pressão cada vez maior para a solução de conflitos sociais por parte de psicólogas e psicólogos.
“É um problema complexo: nenhum profissional deve afirmar o que de fato ocorreu em uma situação familiar, por exemplo, se não a tiver presenciado. Quando somos intimados pela Justiça, nos sentimos obrigados a responder a todos os questionamentos. Mas muitas vezes não temos como resolver, não há técnica para responder à demanda. É preciso, nesses casos, adotar uma postura absolutamente profissional”, recomendou o psicólogo fiscal Lucio Garcia.
A conselheira Luciara Itaqui também lembrou que a universidade, muitas vezes, não consegue reproduzir a complexidade das situações éticas que desafiam as/os profissionais da Psicologia. “A questão teórica às vezes é muito mais relevante no ensino, é natural. Mas precisamos fortalecer a imagem da psicóloga e do psicólogo como profissionais mais técnicos e menos políticos. Não precisamos ter sempre um discurso político, em algumas situações podemos apenas diagnosticar”, disse.
O CRPRS está recomendando às faculdades de Psicologia do Estado para que organizem atividades sobre ética nas escolas e realizem a discussão com toda a comunidade acadêmica, além do CRPRS. “Não há intenção alguma de interferir nos procedimentos pedagógicos de cada instituição, apenas de debater sobre procedimentos éticos na profissão”, reforçou Luciara. O objetivo é debater as questões abordadas nos seminários em um evento estadual no segundo semestre de 2018.
O encontro foi realizado na Coordenadoria Regional da Saúde de Erechim. Em maio foram realizados encontros em Pelotas e em Caxias do Sul. Em Porto Alegre a atividade foi realizada no dia 16 de junho. Em Santa Maria, a atividade está programada para o próximo sábado (30).