Cerca de 60 profissionais e estudantes participaram na última quarta-feira (9) da Reunião Ampliada com o tema [b]“Direito à Cidade”[/b]. O encontro, promovido pela Comissão de Direitos Humanos, a Comissão de Políticas Públicas e a Comissão de Psicologia do Trânsito e Mobilidade Humana do CRPRS, teve como objetivo promover o debate sobre a política de urbanização desenvolvida em Porto Alegre e as possíveis conseqüências da realização da Copa do Mundo de 2014 no espaço urbano da Capital. A gravação do encontro pode ser conferida no link [i]www.youtube.comvideos[/i].
[b]Impactos da Copa em Porto Alegre[/b] – O psicólogo e colaborador da Comissão de Direitos Humanos Rodrigo Lages e Silva chamou a atenção para uma reflexão crítica sobre os impactos do evento na cidade. “Estamos vivendo no Brasil e nas cidades-sede da Copa de 2014 um momento pungente, que nos coloca de alerta. A Copa não cria novos problemas, mas aprofunda interesses que se confrontam diretamente com a perspectiva de quem está preocupado com a ética e a gestão coletiva dos espaços da cidade”, salientou.
Silva trouxe informações do Comitê Popular da Copa, grupo de profissionais reunidos para refletir e informar sobre os impactos do evento que não são divulgados nos grandes veículos de comunicação. “Cerca de 9.000 famílias sofrem risco de remoção devido às obras da Copa do Mundo. Parte delas será removida diretamente para outros assentamentos, e as outras sofrerão a chamada remoção indireta, com a retirada de escolas, creches e postos de saúde, inviabilizando a moradia naquele lugar”, alertou.
[b]Cidade e Subjetividade[/b] – O encontro contou com a palestra do professor do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense e pesquisador na área de Cidade e Subjetividade, Luis Antonio Baptista. Abordando a questão das remoções, o professor resgatou o exemplo histórico da reforma urbana de Paris do século XIX empreendida pelo arquiteto Georges-Eugène Haussmann, que resultou na expulsão das classes trabalhadoras para a periferia da cidade francesa. “Todos nós queremos uma cidade bela, mas não podemos esquecer que a discussão sobre a beleza urbana é carregada de questões políticas sérias”, questionou.
O professor também trouxe como exemplo a cidade do Rio de Janeiro (RJ), lembrando que o projeto de modernização de uma cidade nem sempre está relacionado ao atendimento das necessidades de sua população. “No Rio de Janeiro está se realizando o chamado ‘choque de ordem’, com iniciativas como a colocada de hastes de ferro nos bancos das praças da cidade, impedindo que as pessoas durmam nesses locais. Essa atitude higienista associa a pobreza com a desordem e a sujeira, uma ideia que sobrevive desde o século XIX”.
Baptista defendeu a ampliação da discussão sobre o espaço urbano e as consequências dos grandes eventos nas cidades, visto que todos os seus moradores estão envolvidos. “Pensar sobre os impactos desses eventos nas cidades não é apenas uma questão urbanística. Quando um indivíduo perde sua moradia de modo violento, não é apenas aquela pessoa que está sendo humilhada. Aquele ato é um ato contra a condição humana”, salientou.
Mais informações sobre os impactos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil e em Porto Alegre podem ser conferidas nos links abaixo:
[i]
http://megaeventos.ning.com/
http://raquelrolnik.wordpress.com/
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-44/questoes-economico-ludopedicas/a-copa-do-cabo-ao-rio
http://www.youtube.com/watch?v=H14tK_5vlPM&feature=player_embedded
http://www.megaupload.com/?d=Z8CKC5CY
http://www.sendspace.com/file/d2dp34 [/i]