O dia 21 de setembro celebra a luta das pessoas com deficiência por políticas públicas que reconheçam a diversidade de sua identidade e efetivem seus direitos a uma vida digna. A data, que foi construída a partir do movimento organizado de pessoas com deficiência, também nos provoca a desnaturalizar os processos de exclusão impostos a essa parte significativa da população.
O capacitismo, discriminação imposta a pessoas com deficiência que se sustenta na ideia de que corpos com deficiência são plenamente incapazes, nos desafia a pensar sobre a ideia falaciosa de capacidade plena e quanto essa discriminação também se relaciona com a ideia de dominação de corpos, assim como o sexismo e o racismo, por exemplo.
Pessoas com deficiência estão nos mais diferentes espaços e também nos diferentes campos de atuação da Psicologia, seja como colegas de profissão ou como clientes/pacientes/alunos/entrevistados/usuários dos serviços. Mesmo que nossa profissão traga em seu dever ético a defesa de Direitos Humanos, é urgente a nossa reflexão: qual modelo de deficiência é pesado pela Psicologia?
Se entendemos a deficiência por uma perspectiva biomédica, reforçamos a associação da deficiência à doença e ao anormal, para a qual nosso papel seria investigar e intervir em busca de uma performance que se aproxime de um sujeito universal, ou seja, sua “cura”. Mas, se entendemos a deficiência como uma construção social, nossa atuação contribui para a desconstrução das barreiras impostas por ideais patologizantes e permite acolher o sujeito com base em seu potencial e funcionalidade.
É urgente deslocarmos a ideia de incapacidade dos corpos de pessoas com deficiência e repensarmos nossa escuta e prática profissional.
O que você, psicóloga/o, escuta - vê - olha - sente para além da deficiência?
Vamos construir uma Psicologia anticapacitista?