Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o CRPRS destaca que a Psicologia também deve estar preparada para atuar na relação da humanidade com a natureza. Nos últimos anos, acompanhamos a ocorrência de problemas climáticos nas diferentes regiões do planeta geradas pela ação direta e indireta do humano. Convivemos com os efeitos das chuvas e da estiagem, além das crises em decorrência dos modos como construímos e utilizamos os recursos cotidianos, como desmoronamentos de prédios, abertura de crateras em vias públicas, incêndios em espaços de circulação pública. Enquanto psicólogos (as), devemos saber enfrentar esse tipo de situação e agir em conjunto com o Estado e com a sociedade civil organizada, partindo da perspectiva de que esses não são eventos naturais, mas são acontecimentos sociais que entrecruzam a dinâmica e a estrutura da sociedade.
É neste sentido que a atuação do Sistema Conselhos tem crescido nos últimos anos em eventos de crises como nas situações vivenciadas no Rio Grande do Sul nas cidades de São Lourenço do Sul, com a enchente de 2011; em Porto Alegre, no incêndio na Vila Liberdade; e em Santa Maria, no incêndio da Boate Kiss. Esses eventos têm soado como grandes alertas que indicam a necessidade da profissão e da sociedade em geral estarem preparadas para atuar em situações de crise.
Refletir sobre situações de emergências e desastres e construir referências de atuação dos psicólogos nesse enfrentamento é o nosso desafio. A promoção do protagonismo dos afetados, por meio do incentivo à organização social e política, com redução das vulnerabilidades sociais; o respeito às singularidades das comunidades e suas formas tradicionais de sobrevivência; a criação de redes articuladas de cuidados, que contemplem saberes e atores sociais são algumas medidas que devem ser tomadas. Além disso, a ação do psicólogo deve primar pela observância dos princípios éticos da profissão e das boas práticas profissionais, sendo sempre acompanhada de um posicionamento crítico sobre a conjuntura e sobre as políticas públicas.
Uma das atuações possíveis da Psicologia, nesse processo, está no levantamento da demanda e na atuação em espaços de gestão para a preparação do Estado, em seus diferentes níveis e para a construção de Políticas Públicas para o enfrentamento de crises, ou seja, agir preventivamente para evitar ou minimizar os efeitos tanto de situações causadas pela ação direta como indireta dos humanos.
Loiva dos Santos Leite
Conselheira Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul