A publicação "Relações Raciais: Referências técnicas para a atuação de psicólogas (os)", publicada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) para orientar o trabalho profissional em relação a casos de racismo, foi lançada nesta segunda-feira (20/11) durante evento integrante da programação do Novembro Negro da UFRGS.
Promovida pela Comissão de Graduação (Comgrad) do Curso de Psicologia da UFRGS e por estudantes da graduação, o encontro foi alusivo ao Dia da Consciência Negra. Participam do evento o Conselho Regional de Psicologia do RS, com a Comissão de Direitos Humanos e o Núcleo de Relações Raciais, o Centro de Referência em Direitos Humanos CRDH/UFRGS e estudantes do Curso de Psicologia da UFRGS.
A coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CRPRS, Priscila Detoni, explicou que o processo de construção do documento se deu no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) com base principalmente na Resolução 18/2002. Desde 2012, o CFP mantém um grupo de trabalho no Sistema Conselhos com o objetivo de evidenciar as práticas de preconceito racial no âmbito da psicologia.
“De 26 mil profissionais inscritos no Conselho e dos mais de 20 mil ativos, pouco mais de 200 se autodeclararam negros”, resumiu Detoni – a conselheira lembrou que a questão racial é um dos cinco eixos da atual gestão do CRPRS. “Dificilmente olhamos para esses marcadores sociais durante nossa atuação”, reconheceu.
Na apresentação do documento, o presidente do CFP, Rogério Giannini, compromete o Sistema Conselhos numa prática de combate ao racismo e alerta que o preconceito tem sido “uma ideologia que opera poderosamente na sociedade como motor de desigualdades que engendram as precárias condições de existência do povo negro”.
A conselheira explicou as campanhas realizadas pelo Conselho para evidenciar a importância do tema e lembrou que, durante sua graduação, teve apenas uma disciplina em que o preconceito racial foi abordado. Para Detoni, as políticas de assistência social apresentam “processos bem nítidos” de exclusão por raça. “É preciso estar preparado para enfrentar essas situações”, disse.
A coordenadora do Núcleo de Relações Raciais do CRPRS, Gláucia Fontoura, também participou do encontro. Ela listou as ações promovidas pelo Núcleo desde antes de sua formalização, que ocorreu em 2014, e disse que o documento lançado na UFRGS serviria para elucidar as orientações do que chamou de “resolução invisível”.
Segundo Fontoura, o processo de construção do documento deverá garantir mais eficiência a suas recomendações. “Esta publicação não nasceu de uma observação prática da nossa atividade, mas da contribuição de dezenas de estudiosos, de pesquisadores negros, que colocaram suas vivências práticas e teóricas aqui”, afirmou.
No final do evento, a conselheira Priscila Detoni convidou os presentes para a reunião ampliada do Núcleo de Relações Raciais do CRPRS, que será realizada no dia 4 de dezembro a partir das 17h30, em Porto Alegre. Representantes de vários núcleos de discussão sobre racismo no interior do Estado já confirmaram presença.
O CRPRS também disponibilizou dois exemplares físicos da publicação "Relações Raciais: Referências técnicas para a atuação de psicólogas (os)", que ficarão disponíveis na biblioteca da Faculdade de psicologia da UFRGS. O documento pode ser acessado para download pelo link site.cfp.org.br/publicacao/relacoes-raciais-referencias-tecnicas-para-pratica-dao-psicologao/.