A Comissão de Políticas Públicas promoveu em 27/08, a reunião temática "Ordem e progresso? Reforma política: utopias e possibilidades". A atividade reuniu psicólogos, estudantes de psicologia, colaboradores da Comissão de Políticas Públicas e Conselheiros de CRPRS.
A presidente da Comissão da Comissão de Políticas Públicas, Cristiane Bens Pegoraro, deu início à atividade, ressaltando a importância da discussão para aproximar a categoria da compreensão da organização política no país e a proposta de reforma que está em discussão.
O representante da Federação Anarquista Gaúcha, Guilherme Runge, apresentou o surgimento histórico do anarquismo e expôs que, mais do que uma reforma política, o anarquismo defende uma ruptura com o sistema político vigente, através do fim da centralização do poder no Estado.
Segundo Guilherme, para o anarquismo, a reforma política se dá nas ruas, como foi caso da reabertura democrática no Brasil, através de processos de muita luta, greves, movimentos sindicais, estudantis, formação do movimento sem terra.
"O movimento anarquista acredita que pensar a reforma política no Brasil deve acontecer na prática, em ações cotidianas de resistência, luta e mobilização, como tantas ocorridas na última década e que, ao acumular experiência de luta e organização, culminaram nas mobilizações de junho de 2014" disse Guilherme.
Na sequência, Aline Hernandez, psicóloga, doutora em Psicologia Social e Metodologia, pesquisadora na área de Psicologia Política expôs as formas relevantes de contribuição desta área para as modificações nos modos de execução do Estado brasileiro.
De acordo com Aline, a construção da psicologia política, recente no Brasil na América Latina, é bem particular pois presta mais atenção à mobilizações, ações coletivas e efervescências políticas. Ela tem um viés comunitarista, é ativista e foca na dimensão do poder. A Psicologia Política se dedica a pensar o político como um lugar de tensão, oposição, ruptura, crise e não de consenso. Para discutir reforma política é interessante pensar que canais levam um grupo a pensar e participar da política. Essa participação acontece considerando-se as variáveis injustiça, identidade e eficácia.
Aline lembrou que as reivindicações das mobilizações de junho demonstraram dois aspectos peculiares: a inexistência de uma bandeira e a união de movimentos sociais que normalmente não dialogam, por ter ideologias e visões diferentes, mas que, na ocasião, formaram uma plataforma.
Para Aline, o plebiscito popular é um exercício de voz e vez. Serve para que a pressão popular decida por uma constituinte exclusiva que pense a reforma política, já que o Congresso não consegue aprovar o projeto de reforma política pautado.
Após as falas dos convidados, o público fez questões sobre as posições apresentadas e o debate seguiu de modo a esclarecer as posições apresentadas.
A atividade foi realizada no Auditório do Conselho Regional de Psicologia.