Mais de 70 profissionais e estudantes lotaram o auditório do CRPRS na noite desta quarta-feira (4) para participarem da Reunião Temática [b]Psicologia e Diversidade Sexual[/b]. O encontro, promovido pela Comissão de Direitos Humanos do CRPRS, contou com a fala do professor Henrique Caetano Nardi, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Sexualidade e Relações de Gênero do Laboratório de Psicologia e Políticas Públicas da UFRGS.
Henrique Nardi contextualizou a relação entre diversidade sexual e ciência: “Foi apenas a partir dos anos 70 que a homossexualidade passou por um processo de ‘despatologização oficial’, quando a Associação Americana de Psiquiatria promoveu sua retirada do DSM [i](Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)[/i]”.
O professor lembrou ainda que o debate sobre a diversidade sexual e a Psicologia não se reveste apenas de critérios técnicos, mas também é uma discussão moral e política. Neste sentido, Nardi apontou a necessidade de reflexão sobre a formação em Psicologia, questionando o foco da teoria psicanalítica: “O Complexo de Édipo é utilizado para explicar a construção do indivíduo, mas precisamos refletir se este entendimento não se baseia em uma premissa heteronormativa”.
A Conselheira Luciana Knijnik, presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRPRS, apontou que um dos avanços conquistados foi a publicação da Resolução nº 001/1999 do Conselho Federal de Psicologia, que estabelece as normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual. O documento proíbe os profissionais de praticarem ações que favoreçam a patologização da homossexualidade e impede a realização de terapias de “reversão” ou de “cura”.
Em sua fala final, o professor Henrique Nardi deixou uma proposta de reflexão aos participantes. “Os psicólogos receberam da sociedade a legitimidade para falar sobre o comportamento humano. Qual o papel que estamos exercendo a partir disso? Estamos ajudando a produzir novas realidades ou apenas estamos normatizando e reproduzindo preconceitos? Estamos atuando para produzir sofrimento ou estamos potencializando a vida e a existência dos indivíduos?”, questionou.