A mesa “Relações étnico-raciais e saúde mental na conjuntura” ocorreu no auditório do CRPRS na quinta-feira, 23/01. A atividade, promovida pelo Conselho Regional de Psicologia (CRPRS) e Associação Juízes pela Democracia (AJD), e moderada pela psicóloga Roberta da Silva Gomes, conselheira do CRPRS.
Gabriela Lenz de Lacerda, juíza do trabalho/RS, refletiu sobre os privilégios da branquitude. “Os cargos de poder são pautados pela masculinidade e pela branquitude. Há ainda forte segregação no judiciário, que distancia o juiz da realidade de quem julga”. Para Brígida Joaquina Charão Barcelos, desembargadora do TRT da 4ª Região, é preciso criar oportunidades de espaço quando se está num espaço de poder. “Temos que criar uma identidade latino-americana para formar uma resistência de enfrentamento aos retrocessos que estamos vivendo”.
Vanessa Silva de Souza, psicóloga indígena, conselheira do CRP/MS, falou sobre o que a Psicologia pode fazer pelos povos indígenas. “Precisamos nos aproximar, conhecer e ajudar, sem impor uma ciência branca. O povo indígena precisa ter acesso ao seu território para ter saúde mental”.
A importância de se falar sobre racismo foi destacada por Jesus Moura, psicóloga conselheira do CFP. Para ela, por mais que se fale sobre racismos ainda há muito que ser falado. “Se nego a existência de raças, nego o racismo e os efeitos que isso impõe em nossa vida”. Jesus fez um resgate histórico do racismo no país e como a subjetividade da população negra foi sendo construída para servir e para não acessar certos lugares em nossa sociedade. “A prática do racismo está estruturada no Brasil, faz parte de nossa vida, está em todos os lugares”. Diante dessa realidade, Jesus defendeu a importância do negro se reconhecer como negro. “Pessoas que não se reconhecem como negra adoecem mais, não entendem seu lugar. Saber-se negro, entender o que acontece na sociedade, saber se defender é um caminho para a saúde mental”.
A mesa encerrou com a fala de Célia Zenaide, psicóloga conselheira do CFP, que fez um resgate histórico das ações do Conselho Federal de Psicologia no combate ao racismo.