Nesta terça-feira, 26/07, a Comissão de Direitos Humanos do CRPRS promoveu a segunda edição do seminário “O que é Segurança?”, desta vez para debater como os diferentes corpos são atravessados pela segurança. Esta segunda edição contou com a participação da psicóloga analista da Fase/RS, Fernanda Silva de Almeida, e do assessor jurídico da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Marcos Vesolosquzki, a mediação ficou por conta da coordenadora do Núcleo do Sistema Prisional do CRPRS, Maynar Vorga.
Maynar iniciou a reunião explicando que a proposta do seminário não é responder o que é segurança e, sim, desconstruir algumas ideias naturalizadas sobre o tema. “As modalidades de segurança que temos atualmente produzem muita segregação, violência e mortes de grupos mais vulnerabilizados”, disse a coordenadora.
A psicóloga analista da Fase/RS, Fernanda Silva de Almeida, compartilhou suas experiências com adolescentes privados de liberdade. Revelou que os adolescentes que vão para Fase são de periferia, e, em sua maioria, negros e pobres. “Vivemos num estado em que a democracia não consegue ser ampla a todos os sujeitos”, relatou Fernanda.
Marcos, introduzindo o processo histórico do processo de violências e genocídios contra os povos originários, falou como esses povos foram submetidos ao código civil. “Historicamente, nós fomos exterminados, invisibilizados nos debates. Temos todo um cenário de negação histórica de direitos e participação nas políticas públicas”, articulou o assessor jurídico do Arpinsul.
A conselheira do CRPRS Maynar Vorga ressaltou ainda que o que pode ser segurança, para outros, principalmente para corpos vulnerabilizados, pode parecer perigo.
Fernanda apresentou algumas situações que vivenciou com os adolescentes com os quais trabalha e falou um pouco sobre as diversas violências que o estado aplica à população. “Se nós não assumirmos a violência que nós, enquanto Estado, vivenciamos no dia a dia, nós não conseguimos superá-la de maneira real e verdadeira”, reforçou.
Marcos mencionou ainda a relação do Estado com os povos indígenas, que nunca foi de diálogo e sim de imposição. “Se olharmos para as políticas públicas voltadas para os povos indígenas, podemos ver que todos os direitos minimamente conquistados foram pensados numa vivência não indígena”.
O seminário aconteceu de forma virtual, pelo Zoom e foi gravado, pode ser assistido no Canal do Youtube do CRPRS.