A comemoração pelos cinco anos da Subsede Centro-Oeste do CRPRS, realizada na terça-feira (28) em Santa Maria, teve um programa de luxo: cerca de 30 psicólogas/os e estudantes participaram da segunda edição do programa CAP Itinerante, que tem por objetivo levar às/os profissionais do interior sobre as resoluções mais importantes relativas à avaliação psicológica. O debate se estendeu por mais de duas horas e, ao final do encontro, as/os participantes consideraram a possibilidade de criação de um Núcleo de Avaliação Psicológica em Santa Maria.
O debate foi coordenado pela conselheira Michele Pens, presidente da Comissão de Avaliação Psicológica (CAP), e pela colaboradora da Subsede Centro-Oeste Aline Bäumer. “Nosso objetivo, com a CAP Itinerante, é trazer informação sobre a natureza da avaliação psicológica, na medida em que é uma atividade que gera muita documentação e que, em função disso, pode gerar situações técnicas e éticas importantes. Queremos que essa iniciativa possa gerar impacto positivo com a redução de falhas”, disse Michele.
A plateia, participativa e numerosa, lotou a sede do CRPRS em Santa Maria. Aline afirmou que a avaliação psicológica é a área mais exclusiva da atividade em psicologia, mas ainda assim é vista com certo preconceito, até mesmo na Universidade, devido à larga utilização de testes psicométricos. “O importante é separar habilitação e capacitação. Todo psicólogo está habilitado a fazer avaliação, mas nem todo profissional tem capacitação para isso. Então, é importante procurar sempre se especializar”, avaliou. “É uma atividade que transcende muito a simples aplicação de testes”, completou Michele.
Aline deu como exemplo a utilização de testes psicométricos para avaliação psicológica em atividades muito pontuais, como liberação de porte de arma. “O profissional deve entender que não basta os testes estarem aprovados para aplicá-los. É preciso saber em qual situação podem ser usados e compreender que, mais do que habilitar para alguma função específica, a avaliação psicológica é uma proteção, tanto do indivíduo quanto da sociedade. Somos agentes de direitos humanos”, lembrou.
As duas coordenadoras do debate também lembraram sobre a importância de informar a quem está sendo avaliado sobre os resultados do processo – independentemente do objetivo da avaliação. “A devolutiva é uma obrigação ética dos profissionais e um direito de quem é avaliado, sendo item de variadas resoluções técnicas sobre o assunto. Insistir nesse procedimento é lutar pela qualificação do nosso trabalho”, completou Michele.
A conselheira do CRPRS e a colaboradora da Subsede Serra também lembraram às/os participantes sobre a complexidade dos novos contextos de avaliação psicológica, como aqueles envolvendo atividades específicas de trabalho, como em situações de confinamento ou grandes alturas, ou que envolvam questões sociais delicadas, com pessoas que vivem com HIV, por exemplo, pessoas trans ou imigrantes. “É preciso ler, estudar e conhecer muito bem os instrumentos que garantirão uma avaliação ética e profissionalmente correta”, recomendou Aline ao se referir ao conjunto de resoluções que normatiza a atividade.
Solenidade de aniversário
Antes da CAP Itinerante, uma solenidade informal marcou os cinco anos de criação da Subsede Centro-Oeste. O conselheiro Silvio Iensen, da Comissão gestora da Subsede, lembrou o contexto da criação da Subsede desde 2005, quando um grupo de profissionais da região sentiu necessidade de se ver representado no Conselho. “Desde a gestão eleita em 2007 que a região Centro-Oeste sempre tem representantes junto ao CRPRS. É um movimento político importante que deve ser mantido”, disse. Silvio também destacou a aproximação do CRPRS com outras instituições sociais possibilitada pela criação da Subsede.
A presidente do CRPRS, Silvana de Oliveira, afirmou na solenidade que a existência da Subsede Centro-Oeste confirmava a vitalidade da categoria na região. “Somos profissionais de uma atividade meio, que atende à sociedade e a suas instituições representativas. Nesse sentido, temos de estar em constante relação de diálogo com Executivo e Judiciário e precisamos perceber que a normatização do exercício profissional não deve ser apenas uma preocupação nossa, mas uma garantia de proteção ética para a sociedade”, afirmou.
Silvana lembrou também que um dos principais eixos da atual gestão é a descentralização, expressa na política de criação de Polos instituída pelo Conselho e no aporte tecnológico para aproximar as/os profissionais do interior das demandas cotidianas do CRPRS, como transmissões online e reuniões por aplicativos em tempo real. “Trata-se um grande desafio com esse leque enorme de possibilidades e de temas em debate”, disse.
A cerimônia de aniversário foi prestigiada pelo vice-presidente da Câmara de Vereadores de Santa Maria, Francisco Harrison de Souza (PMDB). Também estiveram presentes as representantes do Polo São Borja, Camile Krause Reghi, e do Polo Celeiro, Graciella Tamires dos Santos Borba. A conselheira Patrícia Silva, da Comissão Gestora da Subsede Centro-Oeste, coordenou o evento.