A conselheira do CRPRS Maria de Fátima Fischer integrou a mesa temática "A luta pelo fim dos manicômios e as iniciativas do Sistema Conselhos de Psicologia” realizada na tarde de 21/09 dentro da programação da 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, em São Paulo/SP. A mesa contou com a participação do coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori e da coordenadora de saúde mental de Belo Horizonte, Rosimeire Aparecida Silva.
Fátima resgatou a história do movimento, recordando importantes marcos dessa luta e enfatizando os desafios atuais. "Precisamos pensar na luta e em seus desafios não apenas com olhar da psicologia, mas como algo maior, algo que faz parte de nossas vidas", declarou a conselheira que destacou em sua apresentação diversas iniciativas do Sistema Conselhos em parceria com Governo, entidades representativas e, principalmente, com a participação ativa dos próprios usuários e familiares.
O diferente posicionamento dos trabalhadores da saúde mental durante os tempos de ditadura e após esse período foi relatado por Tykanori. "Até os anos 80, o movimento estava focado na superação da ditadura. A partir de 86, os profissionais passaram a discutir suas atuações com outro enfoque, tendo a percepção de que algo diferente precisava ser feito. Os psicólogos foram pioneiros nessa luta pela sua capacidade crítica de posicionamento profissional".
Para Rosimeire Aparecida Silva, o psicólogo exerceu, e ainda exerce, importante papel como ator político na luta antimanicomial, porém toda sociedade precisa estar envolvida nesta questão. "É uma luta não só da Psicologia. Todos nós temos a obrigação de vigiar a sociedade para que o horror não se reproduza novamente, por isso é importante lembrar dessa trajetória, para que tragédias como a ocorrida em Barbacena não se repitam em nossa história", declarou a psicóloga, convocou todos para que a luta não caia no esquecimento.
Os participantes da mesa enfatizaram também que a reforma psiquiátrica brasileira não está concluida, está em processo desigual em alguns estados brasileiros que ainda convivem com os hospitais psiquiátricos.
Durante o debate com a plateia, foi levantada a preocupação com relação às comunidades terapêuticas e práticas excludentes e segregadoras utilizadas atualmente no tratamento de usuários de álcool e outras drogas. "As comunidades terapêuticas não podem ser consideradas um recurso de tratamento para esses usuários. Precisamos criar alternativas pelo âmbito público que dêem conta dessa questão, pensar nas drogas de forma integrada com o tráfico, e não pensar apenas na criação de leitos", afirmou Fátima Fischer que concluiu destacando o grande desafio atual para os psicólogos na luta antimanicomial: "o nosso desafio, como profissionais, é trabalhar para que não se repita a mesma forma de exclusão e segregação dos manicômios para o tratamento de usuários de drogas, tendo sempre em vista nosso compromisso ético, técnico e político".