As relações entre o trabalho e o assédio moral foram debatidas na última quinta-feira, 05/05, na sede do CRPRS, em Porto Alegre. O debate “Assédio moral no trabalho: Interfaces entre a Psicologia e o Direito” reuniu psicólogos/as, estudantes de Psicologia e outros profissionais interessados em pensar a atuação dos/das psicólogos/as na área. A atividade contou com a participação das psicólogas Cláudia Magnus, Fabiane Konowaluk S. Machado e Flavia Cardozo Mattos.
Mestre e doutora em Psicologia Social e especialista em Clínicas do Trabalho, Cláudia destacou a importância dos profissionais da Psicologia pensarem os excessos e a organização do trabalho. Para ela, psicólogos/as, por serem profissionais da saúde, devem olhar para além dos sintomas, não individualizar problemas que são da organização. “O trabalho é um elemento paradoxal, porque ele pode ser fonte de sofrimento e levar ao adoecimento, mas também pode proporcionar prazer e realização”, apontou. Ela problematizou, ainda, as cobranças e o assédio moral que são cada vez maiores no ambiente laboral e que são prejudiciais à saúde mental e física dos trabalhadores, aumentando, desde os anos 2000, o índice de suicídios dentro do trabalho ou que tenham ligação com ele. Durante a fala, Claudia relatou sua experiência de atuação dentro de empresas e frisou que os trabalhadores precisam, cada vez mais, produzir mais em menos tempo e que, quando isso não acontece, acabam por culpabilizar a si mesmos, sem entender que esse é um problema estrutural. Claudia reforçou ainda a necessidade de se recuperar o sentido do trabalho para quem executa e de se valorizar as redes e o coletivo. “É preciso promover a valorização do coletivo e de sua inteligência prática, discutir em conjunto como o trabalho está organizado”.
A psicóloga Fabiane Konowaluk S. Machado, que atua no Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no RS (Sindisprev-RS) e também é Doutora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde e Trabalho/UFRGS, falou sobre a relação entre saúde mental e trabalho, destacando os desafios enfrentados pelos/as profissionais da Psicologia. “É fundamental que os/as psicólogos/as saibam quais são os critérios e como diagnosticar os danos psicológicos causados pelo trabalho”, afirmou. “Quando foi que nós deixamos de falar de trabalho?”, questionou, ressaltando a necessidade de se debater mais a relação entre trabalho e saúde mental e sublinhando que os/as psicólogos/as são primordiais no sentido de fazer com que os gestores e as empresas entendam que certas relações são violentas e/ou configuram assédio moral.
Flávia Cardozo de Mattos, psicóloga fiscal do CRPRS, instruiu os/as profissionais sobre como fazer uso da técnica na resolução de conflitos de violência ou assédio moral e como se dão os procedimentos na elaboração dos documentos que são de sua competência. Questões relacionadas ao sigilo, emissão de documentos e de atestados psicológicos foram debatidas com os/as participantes da atividade. Flavia apresentou as Resoluções do CFP nº 07/2003, 01/2009, 08/2010 e 15/1996.
O evento contou também com a participação dos/das presentes, que colaboraram com relatos e questionamentos. A atividade foi promovida pelo GT Psicologia, Trabalho e Organizações do CRPRS, que se reúne mensalmente na sede do CRPRS, em Porto Alegre. A próxima reunião do Grupo está agendada para 02/06, às 17h.