O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), através da Comissão de Psicologia Organizacional e o Trabalho (CPOT), lança a campanha “Conscientização e enfrentamento às violências no contexto laboral”, com o objetivo de sensibilizar a categoria sobre o enfrentamento às diferentes formas de violências praticadas no contexto organizacional e do trabalho, bem como orientar sobre os encaminhamentos possíveis diante de práticas de violência.
A fim de elucidar o papel das psicólogas neste cenário e reafirmar o compromisso ético-político da Psicologia Organizacional e do Trabalho com os Direitos Humanos, no decorrer de 2024 a CPOT abordará temas como: Intolerância religiosa, Sexismo, Gordofobia, Assédio moral, LGBTfobia, Capacitismo, Assédio sexual, Suicídio laboral, Etarismo, Racismo e Xenofobia. Os conteúdos serão divulgados mês a mês, nos canais de comunicação do CRPRS, onde cada tema proposto será aprofundado.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 1 em cada 5 trabalhadoras/es já sofreu algum tipo de violência no ambiente laboral. Globalmente, 17,9% das pessoas afirmam ter sido vítimas de violência e assédio psicológicos em sua vida profissional. A violência psicológica no âmbito do trabalho pode compreender uma diversidade de comportamentos: pressões psicológicas, coações, humilhações, intimidações, ameaças, atitudes rudes e agressivas, comportamentos hostis e excludentes, bem como violações de direitos.
De acordo com a Convenção n.º 190 da Organização Internacional do Trabalho, a expressão “violência e assédio” no mundo do trabalho designa um conjunto de comportamentos e práticas inaceitáveis, ou de ameaças de tais condutas, que podem se manifestar uma única vez ou de maneira repetida, que causem – ou sejam suscetíveis de causar – danos físicos, psicológicos, sexuais ou econômicos, incluindo a violência e o assédio de gênero e o assédio sexual.
Em relação à atuação de profissionais da Psicologia no combate às violências psicológicas, ações preventivas através de projetos específicos voltados à coletividade, à cooperação no trabalho e à democratização das relações laborais podem ser desenvolvidas. A construção do sentido de horizontalidade nas equipes de trabalho proporciona maior aderência e sentimento de pertencimento por parte das/os trabalhadoras/es, além de ser fator protetivo importante da qualidade das relações socioprofissionais.
Nós, profissionais da Psicologia, podemos atuar na formulação de políticas institucionais que informem sobre a questão das violências e dos assédios, repudiando esses atos e promovendo formas de resolução deste complexo problema, bem como agindo de modo protetivo no enfrentamento às variadas formas de violência que podem ocorrer nas organizações. Nesse cenário, a mediação de conflitos também tem sido uma demanda frequente nas organizações, oferecendo a possibilidade de fala e de escuta das/os trabalhadoras/es envolvidas/os, oferecendo espaço seguro de elaboração da situação.
Oportunizar canais de acolhimento e espaços de discussão sobre diferentes formas de violência, é fundamental para o compartilhamento de vivências em comum e para a sensibilização quanto às situações que entendemos como agressoras no contexto laboral. Além disso, a prática periódica de feedback, a formação contínua dos colaboradores, o acompanhamento funcional e as ações em saúde mental são algumas ferramentas importantes para estabelecer relações interpessoais mais saudáveis e prevenir situações adoecedoras. Por fim, faz-se pertinente neste contexto, orientar as pessoas afetadas sobre denúncias e encaminhamentos necessários em situações de discriminação, violência e assédio.
Referências:
https://brasil.un.org/pt-br/210241-oit-viol%C3%AAncia-e-ass%C3%A9dio-no-trabalho-afetam-uma-em-cada-cinco-pessoas#:~:text=Globalmente%2C%2017%2C9%25%20dos,os%20homens%20em%20maior%20n%C3%BAmero.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/12/1-em-cada-5-trabalhadores-ja-sofreu-violencia-no-trabalho-diz-oit.shtml
https://www.crprs.org.br/conteudo/publicacoes/cartilha_cpot.pdf