Na sexta-feira, 23/09, conselheiras/os do XVII Plenário tomaram posse na sede do CRPRS, em Porto Alegre, dando sequência à gestão Frente em Defesa da Psicologia RS. No sábado, 24/09, durante a primeira plenária da nova gestão, foi eleita a nova diretoria do Conselho. A conselheira Fabiane Konowaluk Santos Machado assume como presidenta; Miriam Cristiane Alves é a nova vice-presidenta; Maria Luiza Diello, conselheira tesoureira e Eliana Sardi Bortolon, conselheira secretária.
A cerimônia comemorativa à posse contou com a participação de conselheiras/os do XVI Plenário, conselheiras/os do XVII Plenário, funcionárias/os, representantes de Polos do CRPRS, outros Conselhos Profissionais, universidades, Comissão Regional Eleitoral, além de amigas/os e familiares.
Em seu discurso de despedida, a presidenta do XVI Plenário, Ana Luiza de Souza Castro, relembrou que poucos meses após a posse de sua gestão veio a pandemia e a necessidade de priorização da vida. “Nunca trabalhamos tanto! Aprendemos sobre biossegurança, como atender a categoria de forma remota, como fazer julgamentos on-line, como sobreviver dirigindo um Conselho durante uma pandemia. Tudo isso com uma conjuntura absolutamente desfavorável: negacionismos, discursos e práticas de ódio, fascismo. Defender a vida, os direitos humanos, as políticas públicas, a democracia nesse país passou a ser atividade perigosa”. Nesse enfrentamento, Ana Luiza destacou a distribuição de máscaras para categoria, a participação das discussões sobre grupos prioritários da vacinação, a formulação de diretrizes para atendimento remoto, a luta para a implementação da Lei das/os psicólogas/os e assistentes sociais na Educação Básica, elaboração de resoluções para o exercício profissional, como a da Psicoterapia, Avaliação Psicológica e bissexualidades. “Concluímos a gestão com 80% de nosso ousado planejamento estratégico realizado”, destacou.
O presidente eleito para a nova gestão do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, enviou um vídeo ressaltando o quanto o Rio Grande do Sul é necessário nas lutas em defesa da Psicologia brasileira. “Desejo uma gestão com muita potência, com muitas alegrias e muito próxima de nós”.
Presente na solenidade, Ivani Francisco de Oliveira, vice-presidenta eleita do XIX Plenário do Conselho Federal de Psicologia, mencionou a necessidade de lutas importantes para a profissão. “Precisamos ter coragem para manter conquistas e avançar na defesa da democracia e na luta por uma sociedade sem discriminação e sem desigualdades. Saúde mental é resultado de ações políticas e governamentais que geram condições para população ser saudável. Para isso, precisamos de paz, habitação adequada, educação, alimentação, renda, ecossistema preservado e não poluído, e acima de tudo, justiça social e equidade, garantindo os direitos fundamentais de todas as pessoas”. Para Ivani, há um projeto instalado no país que coloca a dignidade da pessoa humana em ameaça, com a não efetivação dos direitos sociais mínimos, congelamento dos investimentos nas políticas sociais, terceirização do trabalho, desmonte do sistema de saúde e políticas de austeridade. “O Sistema Conselhos de Psicologia tem sustentando a defesa pelos direitos humanos e assumido o papel na construção de uma Psicologia que é capaz de protagonizar essa luta, reconhecendo o debate sobre esses direitos e a necessidade de combate a sua violação. Que possamos seguir nos próximos três anos juntas!”, finalizou.
Representando o Conselho Federal de Psicologia, a conselheira Neuza Guareschi iniciou sua fala reforçando a parceria entre Regional e Federal. “É importante estarmos aqui neste momento para refirmar vínculos legais e laços afetivos que fazem de nós o Sistema Conselhos de Psicologia”. Neuza ressaltou o momento histórico para a profissão – que completou 60 anos de regulamentação – e a importância da profissão na luta pela democracia. “A palavra democracia tem estado presente em nosso dia a dia, não pela sua efetivação, mas pelos ataques que tem sofrido. A Frente em Defesa da Psicologia tem organizado suas práticas em prol da garantia e da efetivação da democracia, da preservação do Estado de direitos e na luta contra os fascismos cotidianos. Afirmar o compromisso social da Psicologia com a democracia implica em necessariamente defender a existência de espaços nos quais seja possível realizar debates plurais e pautados na diversidade das existências. Desejo de um excelente trabalho para que nunca fujamos de todas as lutas necessárias para a construção de uma Psicologia democrática, coletiva, diversa e plural”.
Representando a nova gestão, Fabiane Konowaluk Santos Machado, que também integrava o Plenário XVI do CRPRS, ressaltou os desafios enfrentados principalmente com a pandemia. “Foram três anos de muito trabalho, muito desgaste e muito orgulho, com a categoria nos retornando dizendo que abrimos o Conselho para ela”, avaliou. Diante da organização de uma nova gestão, Fabiane ressaltou a preocupação do Sistema Conselhos de representar, através de sua composição, o retrato social marcado pela diversidade. “Cada chapa deveria garantir representatividade dos povos tradicionais, das pessoas negras, das pessoas com deficiência, das pessoas LGBTQIA+. Durante a campanha, seguimos aprendendo a efetivar o respeito às diferenças e a compreender sua importância para o Sistema Conselhos. Ainda há um longo caminho a ser percorrido para a construção de uma Psicologia contracolonial e decolonial, sair dos muros acadêmicos que constroem nossa ciência e se aproximar da realidade da profissão e de cada profissional que compõe esse Sistema e que, talvez, ainda não tenha se sentido pertencente. É nossa missão buscar essas/es colegas e andar de mãos dadas”.
Como desafio para a próxima gestão, Fabiane defende a necessidade de seguir abrindo o Conselho para a categoria e entregar orientações técnicas e éticas. “Precisamos resgatar o regime democrático do país, o respeito aos direitos humanos, a luta por uma profissão fortalecida e reconhecida em si mesma como agente de mudança e protagonismo social. Para nós o ‘ninguém solta a mão de ninguém’ não é somente uma frase de efeito. É o momento de revelar nossa potência de coletivo, de efetivar a defesa e a valorização da profissão e ainda consolidar a defesa da dignidade humana se posicionando e se opondo a qualquer forma ou tentativa de aniquilamento das subjetividades e das diferenças. Que possamos seguir fortes na defesa da profissão, com muito afeto e cuidado entre nós e com a sociedade brasileira, que necessita muito de nosso trabalho ético e político. Nós somos a Frente, mas não somos a mesma Frente e temos outros desafios. Que o XVII Plenário seja protagonista da evolução do Sistema Conselhos para se efetivar como aquela que fez e apoiou, de forma sensível e responsável, a diferença na sociedade brasileira”.